segunda-feira, 11 de novembro de 2013

João Sem Compreensão (CONTO)

A revisão de texto consiste em correções ortográficas e gramaticais, obviamente, atento às constantes mudanças gramaticais. Faço revisão gramatical e de estilo. Quem se interessar me contate por e-mail: edinaldogarcia@outlook.com


João Sem Compreensão
Edinaldo Garcia
Conto


Esta história até parece mais um desses contos recheados de bordões. Começando pelo nome do nosso protagonista: João. Joãozinho era um garoto comum, exceto pelo fato de sempre fazer confusão com a língua portuguesa.
Certo dia, quando voltou da escola, ele entrou na cozinha enquanto sua mãe preparava o almoço. Eufórico como sempre, chamou Dona Jurema para lhe dar uma informação:
– Mãe, um coleguinha da escola disse que o pai dele trabalha como engenheiro de software.
– Que bom, meu filho – exclamou a mulher, ainda enxugando as mãos no avental amarelado. – Ele trabalha com informática.
– Acho que não, pois o Rubinho me disse que quem trabalha com isso faz programa.
– Você realmente não tem jeito, hem menino! Nunca entende nada. Ontem mesmo eu lhe pedi que me trouxesse água sanitária e você foi buscar água na privada.
– Ué, achei que água sanitária vinha do vaso sanitário.
Ah, credo!
De fato, não havia interjeição que desse jeito e que explicasse os equívocos do menino.
Apressadamente, ele atravessou a cozinha, rumando para o armário e lançando um olhar pidão para a mãe.
– Tem alguma coisa para comer?
– Tem pé de moleque na lata, em cima do armário.
– O pé de quem a senhora cortou?
Muito diferente do que aparenta ser, Joãozinho não fazia por mal. Ele realmente não compreendia as confusas expressões de nossa língua, isto é, confusas para ele. Nada entrava naquela cabecinha dura. Palavras homônimas e parônimas, nem se fala. O melhor a se fazer é não entrarmos nestes assuntos.
A tarde correu naturalmente, com as rotineiras traquinagens de comum menino de onze anos que ainda gostava das antigas brincadeiras que já estão se tornando extintas na geração da globalização acelerada, dos computadores, dos vídeo games super desenvolvidos e dos celulares que a passos longos de girafa vêm roubando os momentos únicos que apenas se vive na infância. Ele jogou bola, pulou corda, brincou de pega-pega e de esconde-esconde até ficar exausto. Jantou e recolheu-se em seu leito a fim de esperar o novo dia.

O sol ainda mantinha-se escondido, obstruído pelos altos prédios da cidade. Viam-se alguns poucos raios amarelo-avermelhados que tingiam o céu como um quadro de belas, porém, displicentes pinceladas.
Nosso embananado herói atravessou o portão da escola, de uniforme devidamente trajado e com a velha e encardida mochilinha nas costas. Felizmente ainda não havia batido o sinal, e todos os alunos ainda estavam no pátio. Uns conversando e outros, geralmente os mais pequeninos, correndo em completa desordem: Aquele característico ambiente alegre pré-aula.
A menininha de rotineiro olhar pueril, mas que tinha agora uma expressão zangada, aproximava-se de Joãozinho. Era Francisquinha, uma grande amiga. Achegou-se rapidamente e pôs-se a repreendê-lo sem qualquer saudação:
– Joãozinho, por que você estava dizendo que tinha penas no meu violão. Eu fui lá ver e não havia nada em cima dele.
– Mas foi você mesma quem disse, Francisquinha, que ele estava empenado. Fiquei com tanta pena de você, pois sei o quanto gosta daquele instrumento.
vendo? É por essas e outras que a Marieta não o convida para a festa dela. – A menina ralhou, irritada com as bagunças linguísticas do outro.
A cabecinha do garoto se embaralhou novamente. Ele arregalou os olhos e prosseguiu:
– Ela não está morrendo?
– Está doente, mas isso não quer dizer que esteja morrendo. – Desta vez ela foi paciente.
– Então! Disseram que não vão comemorar o aniversário dela agora em Setembro.
Nesse momento, quem ficou confusa foi Francisquinha, afinal de contas, a amiga não estava tão enferma assim.
– Por quê? – quis saber instantaneamente.
Joãozinho, no alto de sua inocência, respondeu sem fazer ponderações, expondo todos os seus pensamentos desordenados em ralação à língua portuguesa:
– Porque ela nasceu em Maio.
Diante do absurdo que acabara de ouvir, a menina apenas sorriu de alívio por sua amiga não se encontrar no alarmante estado em que fora informada pelo atabalhoado garoto.
– Mesmo assim, bem que a gente poderia fazer uma domingueira na minha casa nesta sexta-feira. O que você acha? – Joãozinho prosseguiu.
– Acho que não dá para fazer domingueira na sexta.
Para sorte de Francisquinha, outra amiga se aproximava, Patrícia, que agora era vista como sua salvadora. Não que não gostasse de Joãozinho, às vezes era muito divertido dialogar com ele, outras, entretanto, tirava a paciência de qualquer bom samaritano.
– Pessoal, vocês estudaram para a prova? – Patrícia já chegou falando.
– Estudei muito. Preciso recuperar minhas notas que caíram. – Francisquinha respondeu.
– Caíram aonde? Pegue-as de volta. – Lá foi ele fazer das suas novamente.
– Você é muito chato, Joãozinho. – As amigas repreenderam em uníssono.
Francisquinha, voltando-se agora para a amiga, continuou com a conversa:
– E você, Patrícia, estudou?
– Eu vou colar daquele menino que senta na minha frente. Ele é muito inteligente.
– O Mário? – espantou-se Francisquinha ante o mau exemplo revelado pela colega.
– Qual Mário? Ah! Já sei. É aquele que vem antes de você na lista de chamada, não é Patrícia? – Joãozinho interferiu.
– Não. Porque quem vem antes de mim é o Osvaldo, e antes do Osvaldo é a Nayane.
– Ué, por quê? – Dessa vez, o menino resolveu perguntar antes de dizer besteira.
– Porque a lista de chamada, Joãozinho, é feita em ordem alfabética. Não ligue, Patrícia, ele é maluco mesmo.
– Então deveria ser você mesma, Patrícia. A professora não disse que M vem antes de P e B.

Esta narração ainda poderia se estender por várias e várias horas, por centenas de linhas e parágrafos que revelariam diferentes peripécias, pois Joãozinho sempre está cometendo terríveis enganos. Quem sabe um dia ele possa estudar mais e assim compreender melhor a nossa língua, que de tão bela e rica acabou se transformando em um monstro para muita gente.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Miniconto: Ruídos no Sótão


Fonta da imagem: http://www.alemdaimaginacao.com/Relatos%201P/casa_assinbrada_do_vale.jpg

Edinaldo Garcia

Foi com passadas vagarosas que o miúdo garoto subiu as escadas do orfanato em direção ao sótão. O terror dominava todo seu corpo ao mesmo tempo em que ia se aproximando daqueles gemidos assustadores.
Relatos de assombrações ali eram constantes. Apesar de Juanito jamais ter tido alguma experiência sobrenatural, as histórias que trafegavam pelas bocas de internos e tutores eram de que as vítimas de mortes violentas permaneciam presas a este mundo.
Muitos escravos morreram naquele casarão centenário. Era, por isso, o ambiente perfeito para causos misteriosos.

Os plangentes ruídos tornavam-se mais fortes e roucos. O medo já se instalara em seu frágil coração pueril, dominando sua alma e aprisionando seu corpo. Os degraus rangiam tal qual a tampa do alçapão abrindo-se. Foi assim, com grande espanto, ao adentrar no apertado cômodo, que o menino deparou-se com o faxineiro Osvaldo deitado sobre o forrado chão, dormindo e roncando aos solavancos. 

sábado, 28 de setembro de 2013

Antologia Conte Uma Canção


Coletânea de contos "Conte Uma Canção", da Editora Multifoco e com organização de Frodo Oliveira e Heloisa Johansson. Tem previsão de lançamento em Outubro. Participo com o conto "Terra de Gigantes".

"Aquela oração ainda não fazia sentido: Hey mãe, eu tenho uma guitarra elétrica. Tudo era uma confusão descomunal para os imaturos e sonhadores jovens. Afinal, quando se tem uma mãe não rockeira – o que é perfeitamente normal –, a última coisa que lhe vem à cabeça é mostrar a ela o seu talento. O mundo passaria sim a ser uma ilha; milhas e milhas de qualquer lugar." Trecho do conto.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Sorria, Você Está no Mundo Real


Vivemos em um mundo de constante aceleração. Estamos dando passos exorbitantes no mundo de fora; mantemos contato com pessoas que mal conhecemos, ao passo que mal falamos com quem está do nosso lado; somos estimulados por incrível tecnologia de som, imagem e comunicação. Estamos cada vez mais conectados.
Sem dúvida que a tecnologia representa um significativo aumento em nossa qualidade de vida, facilitando muitas tarefas que até bem pouco tempo eram cansativas e demoradas. Lembro-me da minha infância, por exemplo, quando tinha que ir à biblioteca fazer uma pesquisa para a escola; passava a tarde toda afundado em livros e escrevendo – não digitando – cada trecho relevante. Hoje, contudo, tenho em casa uma vasta biblioteca com um simples clic no Google.
Por outro lado, precisamos nos policiar a respeito da quantidade de horas que passamos em frente aos computadores ou mesmo, mergulhados em aparelhos celulares com acesso à internet. Ressalto que não escrevo aqui um artigo sério, com pretensões maiores, mas sim um texto informal, no qual quero dialogar com você, leitor, acerca dos caminhos que estamos seguindo. Tenho percebido que as pessoas estão perdendo o gosto pelo contato físico (a não ser por depravações devido à banalização do sexo) e pelas simples conversas despreocupadas. Afinal, o mundo virtual, com seus inúmeros vídeos engraçados e suas informações praticamente instantâneas, parece mais emocionante.
Entretanto, tire algumas horas do seu dia para olhar o que está à sua volta, dê atenção às pessoas que o rodeiam. Sorria espontaneamente de coisas pequenas e simples. Em vez de postar no facebook o quanto você adora tal amigo(a), diga a ele/ela pessoalmente quando puder, fale todos os dias para sua mãe – que é a pessoa que mais o ama neste mundo – o quanto você a ama. Se não mora com sua mãe, diga para quem o criou e que lhe tem com imenso carinho. Como nos ensinou William Shakespeare: “[...] as pessoas com quem você mais se importa são tomadas de você muito depressa. Por isso sempre devemos deixar quem amamos com palavras amorosas, pois pode ser a última vez que as vejamos”.
Não caia nas armadilhas impostas pelo sistema de alienação. Leia livros (jamais abandone a Bíblia); faça bons passeios a pé; vá pedalar; desenhar (garranchos que seja); nunca perca a oportunidade de fazer uma criança sorrir; e o mais importante: não estresse sua mente desnecessariamente. Cuidado com o que Augusto Cury chama de SPA (Síndrome do Pensamento Acelerado), não encha sua mente com besteiras e banalidades. Segundo o próprio autor – descobridor da síndrome –, hoje uma criança de sete anos de idade possui mais informações do que o imperador Romano no auge do império, todavia, tais informações são desfragmentadas, não elaboradas, que estressam o cérebro e não são transformadas em sabedoria.

Carregue, portanto, em sua essência só aquilo que é verdadeiramente importante. Semeie o amor, o perdão e a alegria. Sorria, você está no mundo real.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Antologia O Mistério das Sombras


Está chegando a antologia O Mistério das Sombras, da Editora Multifoco. Contos inspirados no magnífico escritor norte-americano Edgar Allan Poe. Suspense e terror psicológico que ressalta aos nossos olhos e perturba nossa mente apaziguada. Em cada página um susto e uma surpresa impactante.

Juan Sebástian, O Caçador de Mitos


Escrever é algo penoso; cansativo; às vezes meio ingrato, pois durante o processo de escrita não se sabe aonde aquilo tudo vai chegar. O grande escritor não pensa em lucros financeiros, apensar de que também precisa de verba para seguir com o seu sonho.
      Quando comecei a escrever, vi-me engaiolado, pois precisava trabalhar em cima de um público alvo. Mas como produzir algo unicamente a fim de agradar apenas uma faixa etária? Foi aí que decidi criar uma estória que pudesse ser lida por todo mundo – adultos, crianças, adolescentes, sejam do sexo masculino ou feminino – que não ficasse presa a preceitos exclusivos, a formas de pensamentos específicos.
      Juan Sebástian, O Caçador de Mitos trata-se de um livro leve, de linguagem agradável e de enredo envolvente. Foram esses os elementos que dia após dia trabalhei incessantemente para colocar em minha obra. Características que pensei desde o instante em que esboçava os primeiros escritos, os rascunhos ainda.

Reflexão Sobre O Ato de Escrever

       Dizem que o segredo dos bons escritores consiste em sonhar. Em nunca perder a singeleza que se carrega na infância. A simplicidade de um sorriso, mesmo diante das coisas pequenas.

      Escrever é transmitir para o papel todas as suas fantasias, pode ser utópicas ou não. É esboçar um futuro melhor, mais justo, alegre, divertido. É semear o amor nos corações mais rústicos, e cultivar a alma daqueles, que assim como nós, são seduzidos pelo mundo das letras, pelas histórias/estórias, pelas ideias, pelos novos pontos de vista, ou mesmo pelas velhas filosofias...
     
     Escrever é produzir pensamentos profundos a partir de traços físicos, criar universos distantes usando coisas palpáveis, tornar belo o que é feio e sem vida.