Edinaldo Garcia
Foi
com passadas vagarosas que o miúdo garoto subiu as escadas do orfanato em
direção ao sótão. O terror dominava todo seu corpo ao mesmo tempo em que ia se
aproximando daqueles gemidos assustadores.
Relatos
de assombrações ali eram constantes. Apesar de Juanito jamais ter tido alguma
experiência sobrenatural, as histórias que trafegavam pelas bocas de internos e
tutores eram de que as vítimas de mortes violentas permaneciam presas a este
mundo.
Muitos
escravos morreram naquele casarão centenário. Era, por isso, o ambiente
perfeito para causos misteriosos.
Os
plangentes ruídos tornavam-se mais fortes e roucos. O medo já se instalara em
seu frágil coração pueril, dominando sua alma e aprisionando seu corpo. Os degraus
rangiam tal qual a tampa do alçapão abrindo-se. Foi assim, com grande espanto,
ao adentrar no apertado cômodo, que o menino deparou-se com o faxineiro Osvaldo
deitado sobre o forrado chão, dormindo e roncando aos solavancos.